Eu
quero levar a sua pele morena pra baixo de alguma copa de árvores altas com uma
grama verde pra gente poder deitar. Dar um olhada nos teus olhos profundos e
respirar fundo sem deixar você desconfiar que daqui eu não saio mais. Eu quero
conhecer um pouco mais do seu gingado bom de quem fala puxando as letras e me
puxando junto. Pedir licença sem bater na porta e sair entrando no quintal da
tua casa pra te conquistar. Abrir a geladeira e desfrutar de toda a intimidade
ouriçada como os pelos dos seus braços quando eu sopro o ar nas suas coxas. Eu
quero te deixar de pernas bambas de tanto sambar e te deixar de sorriso frouxo
de tanto rodar o mundo e sentir o vento no rosto e dispensar o relógio pra
ficar comigo.
Eu
quero aproveitar o esbarrão que a gente deu outro dia pra esbarrar em você
sempre que der, e de propósito. Eu quero. Me confundir com você. Me inspirar em
você. Me atrasar em você e não me arrepender de chegar atrasado no trabalho.
Quando o chefe perguntar, eu digo que é paixão. Ele vai entender se te conhecer
algum dia. Eu quero te ver vestindo todas as minhas camisas e abrir cada botão
delas ritmando o suspiro. Sem abafar a. Respiração. Eu gosto desse seu jeito de
descomplicar quando fica a sós comigo. Eu quero pintar o seu corpo com algum
pincel ou lápis de cor pra deixar a sua tela mais confusa. Eu quero moldar as
suas coxas nas minhas mãos e tirar a sua roupa. Eu quero me prender em você ao
ar livre.
Eu
quero levar você na cidade onde eu nasci. Pra me conhecer de vez e conhecer o
meu lado moleque mais inofensivo. Eu quero dançar com você em alguma chuva de
verão e reparar nas suas pintas espalhadas pelos seios à luz de velas ou na
lareira – pra aquecer. Pra te encontrar melhor. Explorar você com os dedos e
passear a barba pela sua costela e sentir um arrepio frio em pleno outono.
Levantar subitamente e. Parar. Colocar um disco com uma balada qualquer e abrir
uma cerveja. Porque o vinho te dá sono e eu ainda quero me estranhar com você.
Dizer que te espero de azul no altar – pra combinar com seus olhos – e convido
até o tio chato que você adora só pra te ver feliz. E eu nos declaro…
Eu
quero uma tarde com você. Eu quero detalhes com você. Eu quero encostar em você
e só sair se você mandar sair bem de fininho pra não descolar tão fácil assim,
e pra dar tempo de você se arrepender e me mandar voltar. Eu quero assistir
esse pôr-do-sol com você na copa da tal árvore e agradecer por ter esbarrado em
mim aquele dia que a gente se encontrou no chão. Eu. Quero deixar pra lá
qualquer discurso desses que me façam perder tempo enquanto você pergunta o
porquê. Quero brincar e conduzir teu samba e me colar e deixar a sua perna
bamba (como eu já disse que queria fazer)… Quer vir?
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